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O Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, recebeu nesta segunda-feira a visita de seis integrantes da Comissão de Direitos Humanos do Senado, que desembarcaram no estado para tratar da crise do sistema prisional. A visita durou cerca de duas horas, mas a ala mais crítica do presídio, onde ocorreram decapitações, não foi vista pelos senadores, pois não havia como garatir a segurança necessária aos visitantes.
Os senadores descreveram um cenário de caos e afirmaram que ouviram as mais variadas queixas dos detentos e que encontraram celas superlotadas e condições precárias de higiene nos presídios do complexo. Adversário político da família Sarney, o senador João Capiberibe (PSB-AP) foi mais crítico na avaliação.
Os senadores, que chegaram ao local por volta das 12h (13h no horário de Brasília), estiveram acompanhados pelo advogado Antonio Pedrosa, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB maranhense.
A senadora e presidente da comissão, Ana Rita (PT-ES), e os senadores João Capiberibe (PSB-AP), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Humberto Costa (PT-PE), João Alberto Souza (PMDB-MA) e Lobão Filho (PMDB-MA) se reuniram com representantes da sociedade civil na sede da OAB do estado.
Um grupo de sessenta presos teria simulado uma greve de fome na visita que uma comitiva de senadores da Comissão de Direitos Humanos fez, nesta segunda-feira, 13, à Penitenciária de Pedrinhas, na capital maranhense. Durante a passagem por uma das alas comandadas por uma das facções na penitenciária, cerca de 60 presos disseram aos parlamentares que se recusavam a comer a alimentação fornecida pela administração da cadeia.
A visita dos parlamentares tinha por objetivo verificar a situação do presídio e as condições dos presos. O grupo, que tem conversado durante todo o dia com autoridades locais, está preocupado com as 62 mortes que ocorreram na cadeia desde o início do ano passado, algumas por meio de decapitações de detentos.
Um dos integrantes da comitiva, o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP), contou ter visto “muita comida jogada no chão” das celas. Os presos disseram ao senador que não havia condições de se alimentar com a comida fornecida. A administração do presídio rebateu os detentos e mostrou aos senadores a comida distribuída: arroz, feijão e carne. “A comida estava em boas condições”, disse Randolfe, para quem a “simulação” tinha por objetivo chamar a atenção e sensibilizar os parlamentares.
Os senadores permaneceram três horas no presídio. No primeiro momento, os parlamentares foram ciceroneados pelo secretário de Administração Penitenciária, Sebastião Uchôa, e pelo comandante da Polícia Militar do Maranhão, Aldimar Zanoni Porto, que lhes mostrou uma ala destruída em rebeliões anteriores, mas, por estar em reformas, já estava em melhores condições.
Os integrantes da comitiva protestaram contra o fato de terem tido acesso restrito às dependências da penitenciária. Conseguiram, posteriormente, visitar uma das alas sem acesso restrito, na qual ocorreu a simulação da greve de fome. Nessa parte do giro, Lobão Filho e João Alberto Souza, aliados da governadora do estado, Roseana Sarney (PMDB), não participaram da visita.
Autoridades barrados

Detentos do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, falam com comitiva de senadores da Comissão de Direitos Humanos nesta segunda-feira
Deputados federais e estaduais e grupos que representam setores ligados aos Direitos Humanos afirmam que foram impedidos de visitar algumas das unidades do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, no Maranhão, nesta segunda-feira (13). Nesta tarde, alguns dos presos iniciaram uma greve de fome no complexo.
Os parlamentares acompanham membros da Comissão de Direitos Humanos do Senado que estão em São Luís para observar as condições do complexo. Eles afirmam que foram expulsos após o exame de algumas áreas do complexo. Os senadores continuam no local. Segundo eles, o governo do Maranhão alegou que eles não poderiam dar continuidade à visita porque não estavam cadastrados como os senadores.
Deputados federais e estaduais e grupos que representam setores ligados aos Direitos Humanos afirmam que foram impedidos de visitar algumas das unidades do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, no Maranhão, nesta segunda-feira (13). Nesta tarde, alguns dos presos iniciaram uma greve de fome no complexo.
Os parlamentares acompanham membros da Comissão de Direitos Humanos do Senado que estão em São Luís para observar as condições do complexo. Eles afirmam que foram expulsos após o exame de algumas áreas do complexo. Os senadores continuam no local. Segundo eles, o governo do Maranhão alegou que eles não poderiam dar continuidade à visita porque não estavam cadastrados como os senadores.(Com informações de O Globo e Estadão)
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Gente, tem coisa na política que só o tempo explica. Sabe o vereador Presidente da Câmara de São Luís Isaias Pereirinha(PSL) que está fora do parlamento sob a justificativa de licença médica para tratamento de saúde, pois é, e não é que foi visto esbanjando saúde na noite de ontem domingo 12/01, no barracão da Favela do Samba na Avenida dos Africanos em São Luís.
Na atual Legislatura, o período que o Pereirinha esteve afastado da Presidência é superior a sua permanência na Casa, foram pelo menos três licenças para tratamento de saúde.
A pergunta que não quer calar é a seguinte: Qual é verdadeiramente o problema de saúde de Pereirinha?
Empréstimos?
Agiotagem?
Bradesco?
Ou seria os descontos do INSS na folha dos servidores Câmara ?
Será que o problema de Pereirinha é a ex-gerente do Bradesco Raimunda Célia?
Já sei, o problema de saúde de Isaias ainda é por conta do pedido de demissão do ex-diretor Geral da Câmara, Antônio Luis Rodrigues Costa, o Cocóia, que de besta não tem nada(ENTENDA AQUI).
Entre as dúvidas, a certeza que Isaias Pereirinha está de brincadeira com a população ludovicense! Resta agora saber do que se esconde…
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Luana Cardodo enfurecida após ser agredida com um pontapé aplicou um golpe de faca no peito de Loirinho.
A jovem de 20 anos, Luana Cardoso, filha do Vereador Placido de Jesus Silva Sirqueira(PV), do Município de Conceição do Lago Açu, distante 313 km de São Luís, matou um rapaz identificado como Lorinho na tarde do último sábado 11/01.
Loirinho trabalhava em comércio de material de construção realizando entregas, sofria de problemas neurológicos e não aparentava agressividade. Segundo relatos de moradores da Cidade, a vítima era apaixonado pela bela filha do Vereador, uma jovem acadêmica de enfermagem.

Município de Conceição do Lago Açu, distante 313 km de São Luís
O assassinato começou com uma discussão entre os dois na casa da irmã da acusada. Loirinho teria agredido Luana Cardoso que revoltada pegou uma faca que estava próximo e com único golpe atingiu o peito da vítima.
A vítima até chegou ser socorrido para o hospital de Bacabal mas não resistiu e morreu a caminho.
Luana Costa está foragida, mas segundo os familiares, deve se apresentar ainda esta semana com advogados, defendendo que agiu em legítima defesa.
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Dados do Mapa da Violência 2013, mostram o panorama da evolução da violência dirigida contra os jovens no período compreendido entre 1980 e 2011, analisando os dados de Estados, Capitais e Municípios, aprofundando nas questões de gênero e de raça/cor das vítimas.
A taxa de homicídio no Estado do Maranhão cresceu 152%, contando apenas as capitais, enquanto o Brasil esse índice caiu 21%, em São Luís ele dobrou.
Em três décadas o Maranhão tem desempenhado indicadores piores do que a média nacional, e muitas vezes piores também do que a média de toda a Região Nordeste. Acompanhe:
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O Maranhão foi mais uma vez notícia nacional, desta vez na TV Record. Ontem, domingo 12/12, o Programa Domingo Espetacular trouxe os detalhes da morte da menina Ana Clara, 6 anos, queimada viva durante ataques a ônibus comandadas por fações criminosas.
A Reportagem da Semana quadro do Domingo Espetacular, mostrou alguns pontos da crise no sistema penitenciário do Estado do Maranhão e a onda de violência estabelecida em Região Metropolitana de São Luís.
Os dois vídeos da reportagem da TV Record mostram a atuação das facções criminosas mandados de dentro da penitenciária de Pedrinhas.
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Desde as primeiras horas de ontem domingo 12/01, o Blog Marrapá alcançou mais de 10 mil “curtições” na fanpage via Facebook. A importante marca é a prova da grande quantidade de fieis leitores internautas que acompanham diariamente as postagem do site, posicionado entre os mais acessados do Estado do Maranhão.
O Blog Marrapá se consolidou nos últimos anos como uma importante fonte de informação dos maranhenses, trazendo as principais denúncias, criticas e análises das mazelas praticadas pelo governo desastrado Roseana Sarney, conhecido pela prática de convênios eleitoreiros e fantasmas.
Quem acessa o Marrapá tem a certeza que vai encontrar algo pautado no saber critico e critico. Como não dar gargalhadas quando o Marrapá chama o candidato da oligarquia de picolé de chuchu?!
Entre as criticas de quem odeia e os elogios de quem se diverte lendo o blog, a certeza de um espaço que conquistou seu espaço na blogosfera maranhense, e não é um espaço qualquer, mas com a marca invejável de algumas dezenas de milhares de acessos todos os dias.
O Marrapá retoma a normalidade das atividades hoje, segunda-feira 13/01, trazendo informações exclusivas sobre a infeliz onda de violência de assola a Região Metropolitana de São Luís e envergonha o Estado do Maranhão em todo o País.
Parabéns www.marrapa.com !
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Leslie Leitão e Alana Rizzo
A vida da menina Ana Clara Santos Souza nunca deveria ter cruzado a de W.T.F., o bandido conhecido como Porca Preta, que aparece na foto abaixo empunhando um revólver. Aos 6 anos de idade, Ana Clara se preparava para ir à escola pela primeira vez. Adorava vestir-se de princesa e andar de bicicleta. Tinha acabado de dispensar as rodinhas da sua, e por esse motivo andava muito orgulhosa. Era um universo sem ponto de contato com o mundo sinistro habitado por Porca Preta. O bandido, de 17 anos, é um dos membros do Bonde dos 40, a sanguinária facção criminosa que disputa o mercado de drogas de São Luís e domina parte das cadeias do Maranhão à base de métodos que incluem a decapitação de adversários e o estupro de suas mulheres. O que fez com que Ana Clara e Porca Preta se encontrassem no último dia 3 não foi o azar, mas uma combinação de duas tragédias: a situação nacionalmente calamitosa das prisões brasileiras e a gestão particularmente funesta do problema pelo governo do Maranhão, onde o descaso, o apadrinhamento e o descontrole elevaram o horror a uma escala nunca vista.
Parte desse horror transbordou na semana retrasada para uma rua da periferia da capital maranhense. Da prisão de Pedrinhas, partiu a ordem para que bandidos atacassem ônibus em circulação na cidade em represália à entrada da Polícia Militar na cadeia depois de mais uma rebelião sangrenta. Um dos alvos escolhidos foi o carro em que haviam embarcado Ana Clara, sua mãe, Juliane Souza, e a irmã de 1 ano, Lorane. Porca Preta foi o encarregado de render o motorista, enquanto seus comparsas espalhavam gasolina no interior do veículo. Juliane, internada em estado grave, contou à mãe o que houve em seguida. Segundo disse, ela e as filhas já estavam na porta de entrada quando alguém riscou um fósforo e o ônibus explodiu em chamas. As três foram atingidas. Juliane atirou-se sobre a caçula e, com as costas e os braços queimando, rastejou com ela por baixo da roleta em direção à porta de trás. Achava que a filha mais velha a seguia. Ana Clara, no entanto, havia se desgarrado e permaneceu na parte da frente, onde as chamas ardiam altas. Com 95% do corpo queimado, ela ainda conseguiu sair do carro. São excruciantes as imagens feitas pelas câmeras de segurança do ônibus, que mostram a menina perambulando em choque, sozinha, com o corpo em chamas. Ana Clara morreu na última segunda-feira.
“O Maranhão vai muito bem”, disse três dias depois a governadora do estado, Roseana Sarney, em entrevista coletiva. “Um dos problemas que estão piorando a segurança é que o estado está mais rico, o que aumenta o número de habitantes.” A entrevista girou em torno da série de motins no Complexo de Pedrinhas, que deu origem ao ataque ao ônibus em que viajava Ana Clara e, em 2013, resultou em sessenta presos mortos, ao menos cinco degolados. Roseana disse ainda que o que houve em Pedrinhas foi “inexplicável”.
A governadora conseguiu errar em cheio em todas as declarações. Primeiro, o Maranhão, estado que sua família governa há cinco décadas, não vai nada bem. Tem o segundo pior índice de analfabetismo do Brasil e a pior renda per capita. Seu IDH só perde para o de Alagoas, e a mortalidade infantil é a segunda maior do país. Depois, o que aconteceu em Pedrinhas está longe de ser inexplicável.
A administração do complexo, como a de todas as prisões do estado, foi terceirizada para duas empresas – uma delas pertence a um velho apaniguado dos Sarney: Luís Cantanhede Fernandes. Sócio de Jorge Murad, marido da governadora, ele foi o homem que, em 2002, saiu em socorro da então candidata à Presidência Roseana depois que a Polícia Federal encontrou 1,3 milhão de reais em dinheiro vivo no escritório da Lunus, consultoria dela e de Murad. Na tentativa de livrar do naufrágio a candidatura de Roseana, Cantanhede assinou às pressas um contrato fajuto de empréstimo para justificar a origem da dinheirama. No ano passado, sua empresa, a Atlântica Segurança – juntamente com a VTI, de Fortaleza -, recebeu 71 milhões de reais para cuidar das cadeias do Maranhão. Nenhuma das duas tinha experiência no ramo.
A decisão de contratar empresas como essas para cuidar de um setor tão explosivo não chega a surpreender, tendo partido de uma governante cuja família há tanto tempo se dedica a cuidar com desvelo de assuntos de seu próprio interesse e de seus amigos. O que escandaliza no episódio é o fato de esses contratos terem sido mantidos mesmo diante dos resultados colhidos. O inferno de Pedrinhas supera com folga tudo o que já se viu no trágico cenário das cadeias brasileiras.

TUDO E MAIS UM POUCO - Nada do que existe no Complexo de Pedrinhas é estranho ao sistema penitenciário brasileiro, mas lá tudo é exacerbado
TUDO E MAIS UM POUCO - Nada do que existe no Complexo de Pedrinhas é estranho ao sistema penitenciário brasileiro, mas lá tudo é exacerbado: as instalações são imundas (foto à esq.) e tomadas por lixo e ratos, o despreparo e a corrupção entre os agentes podem ser medidos pela dimensão dos arsenais encontrados a cada revista mais rigorosa (ao centro) e o domínio de facções criminosas que disputam o controle do tráfico resulta frequentemente em batalhas sangrentas. A última, em 17 de dezembro, terminou com três presos decapitados e torturados (à dir.)
Na semana passada, a reportagem de VEJA percorreu cinco das oito unidades do complexo – com capacidade para 1 500 presos e população de 2 700. Nas celas de 6 metros quadrados espremem-se até dez homens, obrigados a disputar espaço com os ratos, atraídos pelos detritos acumulados em pilhas por todo canto. No pátio de uma das cadeias do complexo, o esgoto a céu aberto se mistura a montes de entulho e mato crescido. Algumas paredes dão a impressão de que poderiam ser derrubadas com um chute, de tão decrépitas.
Mas a parte das instalações em Pedrinhas ainda é melhor do que a de segurança. Os monitores encarregados de revistar os presos e administrar as visitas têm treinamento de uma semana e salário de 900 reais, menos de um terço do que ganham os agentes penitenciários do estado. Para aferir a eficiência do modelo, basta olhar a foto do arsenal apreendido em uma recente invasão da polícia: mais de 300 facas, facões e canivetes, além de munição para pistolas. Celulares circulam abertamente, e a cantina do complexo – que vende até cerveja – está sob o controle dos detentos. Os líderes das duas facções reinantes – o Primeiro Comando do Maranhão e o Bonde dos 40 – decidem quem vive e quem morre dentro da cadeia. E morre-se muito lá. No fim da matança mais recente, em 17 de dezembro, os presos se encarregaram de produzir e divulgar imagens estarrecedoras.
Um dos vídeos mostrava corpos sobre o chão cobertos de ferimentos e sem alguns pedaços da pele. Três deles tiveram a cabeça cortada e elas foram colocadas lado a lado. Em uma das fotos que constam de trechos inéditos do relatório feito pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ao qual a reportagem de VEJA teve acesso, um detento separa do corpo uma cabeça decapitada e a segura pelos cabelos, como um troféu. Em outra, dois homens chutam essa mesma cabeça de um lado para o outro, como se estivessem jogando futebol. O relatório inclui ainda a foto de pedaços de um corpo encontrado no lixo de Pedrinhas e dispostos sobre a bancada do Instituto Médico-Legal de São Luís – mais uma provável vítima do método conhecido em Pedrinhas como “picadinho”, destinado a fazer “desaparecer” corpos.
O acirramento das disputas entre as facções maranhenses e o banho de sangue que ele produziu no interior das penitenciárias não pegaram de surpresa o governo de Roseana Sarney. Inquéritos policiais instaurados em 2008 já indicavam alguns dos horrores em curso nos presídios. Em 2010, o CNJ fez a Roseana uma série de recomendações para conter a violência nas cadeias. Repetiu-as, em vão, em 2011. Em 2012, o então presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Carlos Ayres Britto, pediu à governadora que recebesse representantes do CNJ. Foi ignorado. Nos últimos dois anos, a Secretaria de Direitos Humanos do governo federal recebeu 157 denúncias sobre o sistema penitenciário do Maranhão, das quais 46 sobre tortura. “Inexplicável”, governadora?
Cadeias são um mal necessário. Prender bandidos tem, sim, influência direta na queda da criminalidade. Essa correlação já havia sido verificada em diversos trabalhos internacionais. No ano passado, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicou um estudo feito em mais de 5 000 municípios de todos os estados brasileiros com dados de nove anos. O trabalho concluiu que, para cada elevação de 10% no número de presos, o de assassinatos diminui 0,5%, em média. Escrevem os pesquisadores: “Os resultados comprovam que prender mais bandidos e aumentar o policiamento são armas válidas para reduzir a taxa de homicídios, independentemente do que ocorra com outras variáveis socioeconômicas”.
Acontece que, desde o fim do século XVIII, o suplício deixou de ser uma prática aceitável. A punição aos criminosos perdeu a característica de “vingança social” para incorporar a de “reforma do indivíduo”. O objetivo passou a ser prender para evitar novos crimes e reduzir a reincidência. À luz desses conceitos, confinar o preso em jaulas onde não se deixaria um animal é, inclusive, contraproducente, como atesta um estudo recente da Itália. Ele analisou a vida em liberdade de 25 000 presos soltos em 2006 para abrandar o superlotado sistema carcerário daquele país. Os que tinham saído de presídios com uma alta taxa de mortes eram mais propensos a cometer novos crimes. Na fórmula matemática do estudo, o crescimento de 1 ponto nas mortes per capita atrás das grades aumenta em 4,2% a probabilidade de o criminoso ser pego novamente em delito. Mais do que ineficaz para os propósitos a que se destina, o tratamento degradante dos sentenciados extrapola o contrato firmado com a Justiça. Aos condenados, reserva-se a pena de reclusão, não o inferno.

LAGOSTA, DÓLARES E CAVIAR – Em meio à crise, o governo Roseana Sarney encomendou lagosta. Criticado, substituiu o pedido por caviar.
LAGOSTA, DÓLARES E CAVIAR – Em meio à crise, o governo Roseana Sarney encomendou lagosta. Criticado, substituiu o pedido por caviar. A governadora (ao lado do ministro José Eduardo Cardozo) entregou a administração dos presídios do estado ao amigo e sócio da família que, em 2002, a socorreu quando a PF encontrou 1,3 milhão de reais na sede da empresa de seu marido
Para o Palácio do Planalto, o governo do Maranhão está despreparado para resolver sozinho a crise no sistema carcerário estadual. A gestão sofreria de “autismo” e de “completo distanciamento da realidade”, como teria demonstrado a licitação para compra de lagosta e outros quitutes, suspensa depois de revelada pela Folha de S.Paulo e substituída por outra… que solicita caviar e uísque escocês. Embora assessores de Dilma Rousseff digam que Roseana Sarney perdeu capital eleitoral, a presidente não pretende dispensar o apoio da governadora e de seu pai, o ex-presidente do Senado e cacique peemedebista José Sarney. Foi por isso que a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, evitou defender a intervenção federal no estado e foi por esse motivo também que, diante de tanto sangue derramado em território maranhense, Dilma limitou suas manifestações a uma lacônica mensagem postada na sexta-feira no Twitter. O texto diz que ela acompanha “com atenção a questão da segurança no Maranhão”. Ana Clara não andará mais de bicicleta, não se vestirá de novo de princesa nem irá à escola neste ano pela primeira vez. Mas é tranquilizador saber que a presidente acompanha tudo com atenção. E que o Maranhão vai muito bem, obrigado.
Com reportagem de Alexandre Aragão, Pieter Zalis, Cintia Thomaz e Daniel Pereira
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Por José Ribamar Bessa Freire
Pobre, no Maranhão, se chama João Batista ou José de Ribamar, declarou um deles, João Batista do Vale. Esse ajudante de pedreiro, negro e pobre, que se consagrou como cantor e compositor, morreu completamente joão, sem deixar bens, em 1996, apesar do sucesso de suas músicas como Carcará, Pisa na Fulô e Peba na Pimenta.
Destino outro teve um certo Ribamar. Entrou na política, enricou e se desfez do nome. Foi ao cartório, em 1965, e legalizou a troca. Deixou de ser José de Ribamar Ferreira de Araújo Costa para se metamorfosear em José Sarney. Legou o novo nome aos três filhos: Roseana, Sarney Filho e Fernando Sarney, herdeiros de seus bens. Vai morrer absolutamente sarney: rico. Podre de rico. Podre mesmo.
Por isso, faz sentido a declaração da governadora Roseana Sarney, que surpreendeu o Brasil ao atribuir à riqueza do Maranhão a responsabilidade pela recente onda de violência nos presídios estaduais, onde ocorreram 62 assassinatos, em 2013, com cabeças decapitadas, e até nas ruas de São Luís, onde crianças foram incendiadas. O mundo ficou de tal modo estarrecido que a ONU (Organização das Nações Unidas) exigiu uma “investigação imediata, imparcial e efetiva” e a Procuradoria Geral da República estuda uma intervenção federal nos presídios.
– Um dos problemas que estão piorando a segurança é que o estado está mais rico, o que aumenta o número de habitantes – explicou a filha do dito cujo ex-Ribamar. Do discurso da governadora, que por pouco escapou de se chamar Ribamarina, se deduz que, quanto mais pobreza, mais segurança. Nesse sentido, precisamos reconhecer o enorme esforço da família Sarney, no poder há várias décadas, para melhorar a segurança, mantendo o Maranhão na extrema miséria.
Ribamarina
Aleluia, aleluia, peixe no prato, farinha na cuia. Esta política teve relativo êxito, como revelam alguns indicadores. O Maranhão é o vice-campeão brasileiro em mortalidade infantil, em esperança de vida e apresenta o segundo pior índice de desenvolvimento humano (IDH) do Brasil, de acordo à avaliação do PNUD, além de ser a pior renda per capita do país.. É o estado mais miserável, que agora exibe para o mundo as cenas de barbárie nas prisões e nas ruas. Portanto, se a segurança piorou, não foi por falta de pobreza, mas porque Sarney foi mais sarney e menos ribamar, como comprovam as empresas ligadas à família dele que continuaram enriquecendo, entre elas a Atlântica Segurança, empresa do sócio de Jorge Murad, marido da governadora, a VTI Serviços, Comércio e Projetos e a Nissi Construções, o que fez “piorar a segurança no estado”, como reconheceu a governadora.
Segundo O Globo, a Atlântica recebeu nos últimos dois anos R$ 20,3 milhões de órgãos do estado, entre eles a Secretaria de Administração Penitenciária. A VTI, sem qualquer experiência no ramo, foi contratada para administrar o sistema penitenciário, abocanhando R$ 153,9 milhões só em 2013. A Nissi Construções, contratada sem licitação por R$ 1.167 milhão, recebeu adiantado para a reforma de um presídio não concluída. E por aí vai…
Outro índice de enriquecimento do estado foi o pregão aberto e as licitações lançadas para compra de bebidas e comidas que devem abastecer as geladeiras do Palácio dos Leões e a casa de praia na Ponta do Farol. O valor é de R$ 1,3 milhão para comprar lagostas, patinhas de caranguejo, caviar, uísque escocês 12 anos, vinhos importados e champagne nas variedades extra, brut, sec e demisec. Tudo isto revela que o estado ficou mais rico, é por isso que a segurança piorou. A governadora tem razão.
Foi assim que a família do ex-Ribamar construiu uma das maiores fortunas do Maranhão. O papi soberano e seus filhos são proprietários de fazenda na Ilha de Curupu, de mansão na Praia do Calhau, de dezenas de imóveis e do Sistema Mirante de Comunicação, com canal de televisão, emissoras de rádio e jornal. E por ai vai… Menos Sarney
Dona da capitania hereditária do Maranhão, a família Sarney enriqueceu, usando métodos pouco ortodoxos, como demonstram investigações realizadas pela Polícia Federal, em 2002, quando foi apreendido mais de R$ 1,3 milhão em dinheiro vivo na Lunus, empresa de Murad, e a Operação Boi Barrica, envolvendo Fernando Sarney. Mas na concepção política da governadora, quem ficou rico foi o Maranhão, porque para os Sarney, “L’État, c’est moi”.
Roseana é um gênio da ciência política. Conseguiu mostrar ao mundo aquilo que muitos de nós já desconfiávamos: a riqueza de poucos gera a miséria e a insegurança de muitos. Seu discurso dá continuidade ao sermão do padre Antonio Vieira que, recém-chegado do Maranhão, pregou na sexta-feira santa, em 1655, em Lisboa. Acusou os governadores do Maranhão, nomeados por três anos, de enriquecerem durante o triênio, juntamente com seus amigos e apaniguados, dizendo que eles conjugavam o verbo furtar em todos os tempos, modos e pessoas.
– Furtam pelo modo infinitivo, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, e sempre lá deixam raízes em que se vão continuando os furtos. Esses mesmos modos conjugam por todas as pessoas: porque a primeira pessoa do verbo é a sua, as segundas os seus criados, e as terceiras quantos para isso têm indústria e consciência.
Segundo Vieira, os governadores “furtam juntamente por todos os tempos”. Roubam no tempo presente, “que é o seu tempo” durante o período em que governam, e roubam ainda ”no pretérito e no futuro”. Roubam no passado perdoando dívidas antigas com o Estado em troca de propinas, “vendendo perdões” e roubam no futuro quando “empenham as rendas e antecipam os contrato, com que tudo, o caído e não caído, lhe vem a cair nas mãos”.
O missionário jesuíta, que era conselheiro e confessor do rei, no Maranhão disse que os governadores roubam “nos tempos imperfeitos, perfeitos, mais-que-perfeitos, e quaisquer outros, porque furtam, furtavam, furtaram, furtariam e haveriam de furtar mais se mais houvesse”. “Enquanto conjugam toda a voz ativa – discursa Vieira – as miseráveis províncias suportam toda a passiva, eles como se tivessem feito grandes serviços, tornam carregados de despojos e ricos; e elas ficam roubadas e consumidas”.
Numa atitude audaciosa, padre Vieira alerta o rei:
– Em qualquer parte do mundo se pode verificar o que Isaías diz dos príncipes de Jerusalém: os teus príncipes são companheiros dos ladrões. E por que? São companheiros dos ladrões, porque os dissimulam; são companheiros dos ladrões, porque os consentem; são companheiros dos ladrões, porque lhes dão os postos e os poderes; são companheiros dos ladrões, porque talvez os defendem; e são finalmente, seus companheiros, porque os acompanham e hão de acompanhar ao inferno, onde os mesmos ladrões os levam consigo”.
É. Parece que está no DNA. O caso do Maranhão expõe a situação infernal da população carcerária do Brasil, que hoje ultrapassa o meio milhão de presos, confirmando o que afirmou o ex-ministro da Justiça britânica, Douglas Hard: “a prisão é a maneira mais cara de tornar as pessoas piores”. “No Maranhão” – informa a Folha de S. Paulo – “a chance de ser morto num presídio é quase 60 vezes maior do que do lado de fora”.
Enquanto houver um sarney governador, deputado, senador ou juiz segurando o osso, o Brasil todo, e não apenas o Maranhão, continuará sendo miserável. Os bens da família deviam ser confiscados pelo Estado, retornando de onde vieram. Desta forma, sarney voltará a ser ribamar, contribuindo com a pobreza para aumentar a segurança.
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Jornal do Brasil
A afirmação da governadora Roseana Sarney, que administra o estado com os piores indicadores sociais do país, soa como um deboche não só para os maranhenses, mas para todos os brasileiros. “Um problema que piora a segurança é que o Maranhão está mais rico”, disse ela em entrevista coletiva na quinta-feira (9), ao lado de um constrangido ministro da Justiça. José Eduardo Cardozo teve que ouvir ainda que as mortes ocorridas no presídio de Pedrinhas “até setembro estavam dentro do limite que se esperava”, como se as cabeças decepadas e mostradas em vídeo para todo o Brasil fossem apenas enfeites macabros de alguma festa folclórica de seu estado.
O Maranhão está mais rico ou apenas alguns maranhenses enriqueceram? A resposta a essa pergunta está nas compras que o governo de Roseana mandou fazer com uma extensa lista de bens de consumo que milhões de maranhenses ao longo de suas vidas sequer terão a chance de ver esses produtos de perto.
A compra de lagosta, champanhe, uísque e caviar para abastecer a dispensa do Palácio dos Leões, numa total contradição com o povo paupérrimo, não é um acinte, mas sim o retrato fiel do cotidiano de uma elite que vive isolada da realidade do estado, que faz licitações, como a do Porto de Itaqui, que não beneficia o povo maranhense mas a si própria. Pobre Maranhão, que não viu o aumento da classe média, que fica cada vez mais longe do desenvolvimento e que há décadas não tem governo para o povo.
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Repasses a aliados ocorreram desde 2009, quando ela retornou ao poder

Governadora do Maranhão, Roseana Sarney, dá entrevista coletiva sobre onda de violência
Chico de Gois, enviado especial
São Luís — A governadora do Maranhão, Roseana Sarney, é uma mulher de família. Herdeira do político mais longevo do país — no ano que vem, completam-se 50 anos desde que José Sarney assumiu o governo do estado e 60 desde que se sentou na cadeira de deputado estadual como suplente —, Roseana, com 60 anos e em seu quarto mandato, mantém negócios com empresas de parentes e tem amigos e familiares ocupando postos-chaves em várias esferas de poder, o que lhe garante relativa blindagem.
Levantamento realizado pelo GLOBO com base no Portal da Transparência do governo do Maranhão aponta que, de 2009, quando ela retornou ao governo, em abril daquele ano, ao final de 2013, empresas de familiares, amigos e correligionários receberam R$ 274,1 milhões dos cofres do estado. Entre os donos das firmas aquinhoadas, há de tudo: o advogado que a representa em processo de cassação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE); o cunhado; a construtora de Luciano Lobão, filho do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão; o senador Lobão Filho (PMDB-MA); e até mesmo um shopping que tem entre os acionistas o pai da governadora, o senador José Sarney (PMDB-AP).
A segunda empreiteira que mais recebeu dinheiro do governo do Maranhão no ano passado foi a Ducol Engenharia. Ela pertence a Herny Duailibe, primo do marido de Roseana, Jorge Murad. A empresa foi denunciada pelo Ministério Público por ter recebido, em 2003, R$ 1,3 milhão para realizar diversas obras de pavimentação em municípios maranhenses, mas não teria realizado os serviços. Apesar da ação, isso não impediu Roseana de contratar a mesma construtora para realizar outras obras. De 2009 até o final do ano, só a empreiteira ganhou R$ 169,7 milhões do governo.
Henry Duailibe é sócio também da Duvel Veículos, que vende carros para o governo. No período de 2009 a 2013, ele recebeu R$ 1,9 milhão. Outro membro da família Duailibe que mantém negócios com o governo de Roseana é Helena Maria, mulher do cunhado dela. A Construtora Domus, que a tem como representante, recebeu no período R$ 9,9 milhões.
Ex-sócio de Murad faz a segurança de presídio e já recebeu R$ 22 milhões
Outra empresa que vem ganhando muito dinheiro dos cofres do governo do Maranhão é a Atlântica Segurança. No ano passado, ela recebeu R$ 12,9 milhões de diversas secretarias. E, entre 2009 e 2013, foram, no total, R$ 22,2 milhões. A Atlântica, que entre outras coisas faz segurança no presídio de Pedrinhas, tem como dono Luiz Carlos Cantanhede Fernandes, ex-sócio de Jorge Murad, marido de Roseana, numa pousada em Barreirinhas, cidade onde estão os Lençóis Maranhenses. Em 2002, quando estourou o caso Lunus, e a PF apreendeu R$ 1,3 milhão em dinheiro na empresa de Murad, Cantanhede argumentou que parte do dinheiro lhe pertencia. Cantanhede é dono ainda da Atlântica Limpeza e Serviços Gerais, que recebeu R$ 8,7 milhões.
Advogado de Roseana num processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pretende cassar o mandato dela, Alfredo Duailibe ganhou um contrato, sem licitação, no governo de sua cliente. Já recebeu R$ 9,5 milhões, desde 2009.
Da lista de empresas há até mesmo o shopping que tem como um dos principais acionistas o senador José Sarney (PMDB-AP), pai da governadora. O Shopping Jaracaty, que aparece na declaração de bens de Sarney, em 2006, aluga oito lojas para o Programa Viva Cidadão, que reúne vários órgãos estaduais para facilitar a obtenção de documentos. O Jaracaty recebeu R$ 1,6 milhão pelo aluguel.
Amiga íntima do clã, a família do senador Edison Lobão (PMDB-MA) também recebeu uma boa quantia em dinheiro. A Hytec Construtora, que tem como sócio um dos filhos dele, Luciano Lobão, amealhou R$ 40 milhões. Já o senador Lobão Filho (PMDB-MA) recebeu, no final do ano passado, R$ 4,6 milhões pela desapropriação de um terreno seu para obras numa via expressa que passa em frente ao shopping de Sarney. Insatisfeito com o valor, Lobão disse, por meio da assessoria, que terá que entrar na Justiça contra o governo da amiga porque diz que o terreno ocupado pelo estado valeria R$ 18 milhões.
Ainda assim, a governadora é pouco fiscalizada. Em órgãos estratégicos, ela mantém aliados e parentes. A corregedora do Tribunal de Justiça, Nelma Sarney, é sua tia. O presidente da OAB-MA, Mario Macieira, é primo dela, e a mulher dele, Luiza de Fátima, é secretária de Assistência Social. A procuradora-geral de Justiça, Regina Lúcia de Almeida Rocha, é tia do secretário de Desenvolvimento, Hildo Rocha. No Tribunal de Contas, o mais novo integrante era o vice-governador, Washington de Oliveira (PT).